sexta-feira, 15 de outubro de 2010

RPG: a Saga Continua


Alguns anos após a separação do nosso grupo, enquanto eu pensava no que faria com todo material que comprei para nossas aventuras, um de meus sobrinhos me veio com a notícia de que ele e alguns amigos jogavam um outro tipo de RPG.
Depois de muita insistência por parte dele, resolvi, de forma furtiva, averiguar como era essa nova (pelo menos para mim!) maneira de se jogar.
            Quando ele me disse que eram alguns amigos jogando na casa de um deles, imaginei que fossem uns oito ou dez, jamais esperava encontrar de trinta a quarenta pessoas, na rua, todos vestidos de preto (visual Matrix muito antes de existir Matrix), num “tumulto organizado”.
            Fiquei sabendo que eles já estavam se organizando para a partida fazia um mês, então estavam todos no clima. E que clima! Era “Vampiros”!!! Lógico que não deu outra, chegou a polícia!
            A vizinhança, assustada com a movimentação suspeita dos elementos mal encarados, vestidos de preto, falando de morte, sangue, e coisas do gênero, não pensou duas vezes e chamou “Os Toridade Legais”!!!!
            De todos os participantes, apenas uns cinco eram maiores de idade. Eu entre eles. Então nos juntamos e chegamos para argumentar um “alvará de soltura” para a nossa trupe de intrépidos e destemidos vampiros rpgistas.
            Depois das devidas explicações, tanto para a polícia quanto para os vizinhos, pudemos finalmente dar início a essa nova fase em minha vida. Era como uma volta ao mundo do teatro.
            Durante pouco mais de dez meses, mergulhei nesse mundo de regras conturbadas, discussões sobre quem pode o que, quem morreu de novo (se era vampiro, já tinha morrido uma vez!), e quem matou quem.
            Eu tinha um personagem simples, muito simples. Era um mistura de Blade com Fox Mulder (Arquivo X, para quem não conhece!), com uma pitada de Jack Bauer. Ou seja, era um vampiro, infiltrado numa organização de vampiros, com a missão de matar todo mundo e apagar a luz no final.
Nosso dia de encontro era a sexta feira, e depois de um mês de jogos, começamos a notar que já tínhamos até platéia, os vizinhos. Alguns inclusive começando a esboçar uma torcida por esse ou aquele clã. Um dos vizinhos, um senhor de mais ou menos 40 anos, chegou a nos pedir um livro de regras para tentar entender como era o mecanismo de nossa epopéia.
Até hoje, ainda acho que ele acabou passando uma cópia para os outros vizinhos. Pois, depois de algum tempo, eles já estavam discutindo entre eles o que podia ou não ser feito em nossas partidas. Davam, inclusive, palpites sobre qual era o melhor rumo para nossas ações.
Foram meses divertidos, e extremamente desestressantes.
Infelizmente, quando se junta tantas pessoas num mesmo local, onde regras podem ser discutidas e alteradas a qualquer momento, e apenas alguns acham que podem decidir, acabou acontecendo o inevitável. Concluímos que seria melhor acabarmos com nossa aventura sombria. Mas seria com chave de ouro!
Numa sexta feira, 30 de outubro às 23:30 h., contando com a incrível presença de cento e trinta jogadores, demos início àquela que seria nossa última aventura. Num prédio tombado pelo município e com autorização da prefeitura.
E na madrugada do dia das bruxas, pouco antes do amanhecer, fomos todos destroçados por um ataque licantropo surpresa.


Saudações do Patriarca Gallahad!

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