sexta-feira, 11 de março de 2011

Festa Estranha com Gente Esquisita - Parte 1

Quem participa, ou participou, de um grupo de RPG já deve ter sido, pelo menos uma vez, convidado para participar de um encontro de jogadores. Eu já fui.
Hoje em dia existem as grandes feiras de Animes, os mega encontros de RPG e os BGS’s (Brasil Game Show) da vida. Mas na minha época de RPGista não havia tanta coisa assim, ainda mais morando numa cidadezinha do interior!
MSN, Skype, Messenger, Google Talk, SMS, e-mails, eram coisas que nem sonhávamos. Na verdade, nem o ICQ existia ainda. Tudo o que tínhamos de moderno, naqueles tempos, era um pequeno aparelho que conectávamos na saída de impressora do micro (Sim! O computador já existia!!!!!), e ligávamos na linha telefônica. Com isso nós conseguíamos conversar (não se usava “teclar” ainda!) com outras pessoas por todo país. Foi numa dessas conversas, que nosso intrépido grupo descobriu que alguns membros do mundo cibernético também jogavam RPG. E isso foi quase fatal!
Como a nossa sala de conversa (na verdade duas telas com os números de 1 a 45 na primeira página e 46 a 90 na segunda, e o nome do usuário na frente) era patrocinada pela Radio Cidade de São Paulo, uma vez a cada três ou quatro meses havia um encontro dos participantes.
Não deu outra, resolvemos juntar o útil ao agradável! Encontro da Sala de Bate Papo com Grupos de RPG.
Angariação de fundos junto aos “PAItrocinadores”, corrida até a rodoviária para compra de passagens, volta para casa para arrumar uma pequena mala com itens de primeira necessidade (tabuleiros, dados, miniaturas, livro do mestre, escova de dentes, pasta de dente, uma troca de roupa e afins), outra corrida até a rodoviária para pegar o ônibus. E lá fomos nós, “Um grupo de cinco adolescentes do barulho embarcando numa aventura cheia de suspense e muita emoção” (juro que ouvi o locutor da Sessão da Tarde falando!), rumo à Capital. Aí começam os problemas!
Chegando no Terminal Rodoviário do Tietê, cidade de São Paulo, nos aproximamos do guichê de informação e perguntamos que “Circular” deveríamos pegar para ir até o bairro do Ipiranga. A menina da informação nos olhou com aquela cara de paisagem e devolveu a pergunta: - O que é uma “Circular”?
Nos olhamos incrédulos! Três de nós querendo se enfiar debaixo da mesa em posição fetal e chorar até que a mãe viesse buscar. Respiramos fundo, e estampando uma fingida cara de despreso, reformulamos a pergunta para: “Como chegamos ao bairro do Ipiranga?” A resposta não podia ser mais ridícula. – “Pega o ônibus Tietê / Ipiranga ali na frente!”. E com cara de trouxa seguimos para pegar o “ônibus” e não a “circular”. Foi uma viagem tranquila, e tentávamos não babar olhando o visual de cidade grande pela janela. Não era a primeira vez que íamos para lá, mas ainda assim, era uma cidade grande. Na nossa cidade só existia um, isso mesmo UM edifício. Bem, São Paulo é São Paulo (entenderam o porquê da baba?).
Finalmente chegamos no local do encontro. Agora seria só festa... Ou não! Chegamos duas horas antes do início. O local ainda estava fechado. Não nos demos por vencidos. Nos acomodamos na calçada, abrimos o tabuleiro e iniciamos uma rápida campanha de D&D (bendita mala com itens de primeira necessidade!). Nos empolgamos tanto na partida que nem notamos o pessoal chegando para o encontro. Só percebemos algo quando os que também jogavam RPG vieram conversar com a gente. Demos a partida por encerrada e nos aventuramos no mundo de “encontros às escuras”.
Como esse texto está ficando longo, no próximo eu conto como foi o final de nossa aventura.


Saudações do Patriarca Gallahad.